sexta-feira, 12 de março de 2010

Não sou

Sou um enigma e talvez esteja fechado a sete chaves que foram guardadas em várias partes do mundo.
Sou um estranho e mesmo enquanto estranho, gosto de ser tratado hora como pessoa normal, hora como louco.
Sou roqueiro, sambista, clubber, pagodeiro, sentimental; sou música popular brasileira.
Sou carência e solidão; alegria e emoção.
Sou o sorriso acanhado da criança que implora o trocado do motorista que fecha os vidros do carro, frio e inabalável; sou o exagerado sorriso da mulher que anseia e consegue o amor e a fidelidade do marido que cuida e ama os filhos.
Sou vítima, cúmplice, culpado, réu e ferido.
Sou a etiqueta que estampa sua marca na gola de uma camiseta velha e rasgada; sou o sapato de luxo da perua desvairada; sou a moda dos foras de moda.
Sou o último gole d'água no deserto, sou uma gota imersa na imensidão do mar mediterrâneo.
Sou a senhora de oitenta anos que morreu sonhando com o maior interesse e amor dos netos que nunca teve; sou sua melhor amiga que morreu atropelada por uma moto na contra-mão, com traumatismo craniano, quando tinha apenas 18 anos.
Sou a satisfação pessoal, a satisfação de um grupo, mas a insatisfação de um mundo.
Sou a esperança depositada por meus pais no meu nascimento à minha morte.
Sou o céu, o inferno, o entendido, o subentendido e o não entendido; o presente o passado, o futuro e o pós futuro.
Sou a vitória, a raça, a gana e a vontade da vida.
Sou verdade, coragem, suor, vaidade.
Sou o urbano, o selvagem.

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