domingo, 18 de julho de 2010

13/07/2010

Fica olhando o tempo enquanto reprimem de frio braços e rostos arranhados na calada noite de verão. Sente lágrimas de sangue escorrendo seu rosto e arrepio dentro da orelha mal enxugada. Sabes que todo sofrimento será em vão. Sente este instante numa tórrida encenação de drama, mas sabe cada pontada da íngreme dor que cada cena lhe traz. Enquanto desabafa, deve trocar o grafite e cada vez que a ponta da lapiseira quebra, deseja incesantemente não ser como é. Não ter o que tem. Não precisar de ninguém. Vê na poesia escrita por seus dedos sujos de gozo a necessidade de, a cada milésimo de segundo ser cada vez menos dependente. Sente lágrimas rolarem novamente. E agora, sente medo dos fantasmas que o circulam, enquanto percebe cada gota de Pedro caindo sob seu corpo. Todos os seus dedos, todos, estão gelados e enrugados. Toda sua vaidade caiu por terra. Ouve o som vibrante da vitória dos impunes. Sente necessidade de agir com movimentos lentos e descontínuos, mas não tem vontade de reagir. E, ainda com frio, não há necessidade de se agasalhar. Tens aparência inferior à aparência física de três ou quatro doentes juntos e, com certeza, se contentaria com a pena de qualquer outra pessoa que se comovesse com o seu estado. Então, agora com ouvidos secos pelo vento gelado que ainda sente, pensa que a noite já foi muito longa e se lamenta por mesmo depois de tudo...mesmo sabendo que és um louco civilizado, perceber que continua como era. E que suas mãos continuam abertas pedindo socorro.

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